Os procuradores da força-tarefa de investigação da Operação
Lava Jato negaram hoje (23) que estejam negociando acordos de delação
premiada com executivos da empreiteira Odebrecht. Segundo o Ministério
Público Federal (MPF) no Paraná, a manifestação feita pela empresa à
imprensa de que deseja assinar os acordo não tem validade jurídica.
“Não existe sequer negociação iniciada sobre acordos de colaboração
com executivos ou leniência com o Grupo Odebrecht. A simples
manifestação dessa vontade pela imprensa, seja por indivíduos, seja por
qualquer grupo empresarial investigado, não possui qualquer consequência
jurídica, motivo pelo qual as investigações e atos processuais
continuarão em andamento”, diz a nota da força-tarefa.
O MPF destaca ainda que a divulgação da intenção de assinar delação
premiada “fere o sigilo das negociações exigido pela lei para a
celebração do acordo”.
Ontem (22), em comunicado divulgado à impressa, a Odebrecht declarou
que aceitou colaborar de forma “definitiva” com a Lava Jato. Hoje, a
empresa confirmou que a colaboração inclui acordos de delação premiada.
O comunicado da empreiteira, chamado “Compromisso com o Brasil”, foi
divulgado após cumprimento dos mandados de busca e apreensão e de prisão
da 26ª fase da Lava Jato, deflagrada ontem contra executivos da
empresa.
De acordo com os procuradores do MPF, a empreiteira tinha um
departamento responsável pelo pagamento de propina. Além disso, a PF
também investiga pagamento de propina na construção Arena Corinthians,
conhecido como Itaquerão, em São Paulo.
Apesar das acusações de pagamento de propina, a empresa declarou que
“não tem responsabilidade dominante” sobre a investigação, que segundo a
empreiteira, “revela na verdade a existência de um sistema ilegal e
ilegítimo de financiamento do sistema partidário-eleitoral do país”.
O principal executivo da empreiteira, Marcelo Odebrecht, está preso
desde junho do ano passado em Curitiba. De acordo com a denúncia
apresentada pelo Ministério Público Federal à Justiça, o empresário está
envolvido diretamente no esquema de pagamento de propina a
ex-dirigentes da Petrobras e atuava orientando as atividades dos demais
acusados ligados à empreiteira. Pelas acusações, Marcelo foi condenado a
mais de 19 anos de prisão.
Fonte: Agência Brasil
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