O governo francês se prepara para fazer concessões ao apresentar nesta
segunda-feira (14) uma nova versão de seu controverso projeto de lei
trabalhista, para tentar frear a mobilização de sindicatos de
trabalhadores e estudantes contra ele, o que ameaça desestabilizar o
executivo a um ano da eleição presidencial.
O primeiro-ministro, Manuel Valls, apresentará durante a tarde aos
sindicatos e às associações empresariais uma versão "corrigida" do
projeto, cujo conteúdo inicial levou às ruas centenas de milhares de
manifestantes na semana passada.
Durante a noite, o primeiro-ministro se reunirá com os deputados
socialistas, uma parte dos quais também é contrária ao projeto.
A nova versão é anunciada como um "compromisso ambicioso" pelo governo.
O primeiro-ministro prometeu "corrigir, retificar, mudar o que deve ser
mudado".
O presidente François Hollande
também evocou correções necessárias, mas descartou a retirada do texto,
que será apresentado no Conselho de Ministros no dia 24 de março.
"Lei de Trabalho: Hollande dá sua última cartada", afirmou em sua
primeira página o jornal econômico Les Echos. "Até onde Hollande e Valls
retrocederão?", se perguntava o jornal conservador Le Figaro.
Hollande e Valls, cuja popularidade não para de cair nas pesquisas de
opinião, avançam com este projeto em campo minado, quando se aproxima a
eleição presidencial de 2017.
Ambos temem sobretudo que a mobilização contra o projeto de lei se amplie ainda mais, em particular entre os jovens.
Os principais sindicatos contrários, CGT e FO, entre outros, pedem que o
texto seja simplesmente retirado, assim como o UNEF, o principal
sindicato de estudantes.
Retirar ou emendar"Se o texto for mantido, os cidadãos terão que se
mobilizar", advertiu nesta segunda-feira o dirigente do CGT, Philippe
Martinez.
Os sindicatos chamados "reformistas", como a CFDT, exigem a modificação
do projeto, considerado muito favorável aos patrões e que prevê
facilitar as demissões econômicas.
As organizações empresariais apoiaram o projeto de governo, mas temem
agora que as emendas o enfraqueçam. "Renunciar seria suicídio",
sustentou Medef, a maior do país.
O projeto de lei trabalhista é criticado também dentro do governamental
Partido Socialista, e uma parte de seus deputados critica há tempos a
guinada liberal dada por Hollande à política econômica.
Um deles, Christian Paul, afirmou nesta segunda-feira que o governo
"não tem hoje nenhum apoio popular, não tem base eleitoral para a
política aplicada". O parlamentar ressaltou os maus resultados
eleitorais do Partido Socialista em várias eleições legislativas
parciais realizadas no domingo.
Segundo os meios de comunicação, o governo pode retirar do projeto
várias medidas às quais todos os sindicatos se opõem, como o limite para
as indenizações em caso de demissão abusiva, e as relacionadas ao
aumento do tempo de trabalho dos aprendizes.
Diante da firme oposição dos sindicatos, o objetivo do governo é que os reformistas aceitem o texto modificado
Da France Presse
Nenhum comentário:
Postar um comentário