Experimentos de produtos que
combatem o mosquito Aedes aegypti, desenvolvidos por estudantes, estão
entre os destaques da 14ª edição da Feira Brasileira de Ciências e
Engenharia (Febrace), que ocorre na Universidade de São Paulo (USP).
As irmãs Danielle Matos e Isabelle
Matos, alunas da Escola Status Jardim Paulista, de Campo Grande (MS),
desenvolveram um óleo à base de folhas de pitangueira – Eugenia uniflora
– capaz de, segundo testes iniciais, repelir e matar o mosquito.
“A nossa ideia surgiu a partir de uma
observação feita em casa. De quatro pessoas, só três pegaram dengue.
Minha irmã, eu e meu pai. A minha mãe foi a única que não pegou. Na
mesma semana, ela tinha trocado o perfume e começado a usar um à base da
pitanga. Aí surgiu a ideia”, contou Danielle.
O produto aplicado em água parada
reduziu em 85% a presença de ovos, mostrando um efeito repelente à fêmea
do mosquito. O óleo também foi capaz de matar de 50% a 62,5% as larvas
que nasceram dos ovos.
“A gente encontra um pneu em terreno
baldio e, quando chover, esse pneu vai ser um possível foco do mosquito.
A gente pinga algumas gotas lá dentro e o mosquito vem e não deposita
seus ovos. E se depositar, o óleo vai matar na fase de ovo de larva, não
vai virar mosquito”.
Segundo as estudantes, não é possível
fabricar o óleo em casa, já que para isso seriam necessários solventes e
equipamentos apenas encontrados em laboratórios. O produto ainda não
foi testado para uso na pele humana. De acordo com as alunas, ainda são
necessários mais estudos para a produção em larga escala.
O aluno Leandro Rastelli, da Escola
Afonso Cafaro, de Fernandópolis (SP), buscou desenvolver um larvicida à
base da planta Dieffenbachia picta schott, conhecida popularmente como
Comigo Ninguém Pode. Os testes iniciais comprovaram que a toxicidade da
planta também tem efeito sobre a larva, a pupa e o mosquito Aedes
aegypti.
“A ideia é pegar a planta Comigo Ninguém
Pode e fazer um inseticida natural, de fácil fabricação, que possa
combater a larva, a pupa e também o mosquito. É um líquido, que seria
colocado primeiramente em calhas e ralos, lugares difíceis para se
combater a dengue e de difícil acesso às pessoas”, disse Leandro. Devido
à toxicidade da planta, não é recomendado, no entanto, que as pessoas
tentem produzir em casa, a partir do Comigo Ninguém Pode, qualquer tipo
de produto para combater o mosquito.
A 14ª edição da Febrace começou nessa
terça-feira (15) na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
(Poli-USP), na capital. Estão em exposição 341 projetos de 752
estudantes dos ensinos fundamental, médio e técnico de escolas públicas e
particulares de todo o Brasil, orientados por 476 professores. A
exposição vai até o próximo dia 17.
“O mais importante não são os
resultados, como chegar a um protótipo ou produto, por exemplo, mas todo
o processo, as diversas etapas de investigação, reflexão, construção e
observação necessárias para a execução dos projetos”, destaca a
coordenadora da Febrace, Roseli de Deus Lopes, professora da Escola
Politécnica da USP.
Os alunos com as pesquisas melhor
avaliadas ganharão troféus, medalhas, bolsas e estágios, num total
aproximado de 200 prêmios. Também concorrerão a uma das nove vagas para
representar o Brasil na Feira Internacional de Ciências e Engenharia da
Intel (Intel ISEF), que será realizada em maio, na cidade de Phoenix, no
Arizona (EUA).
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