Tão logo foi divulgada a
gravação feita pela Polícia Federal de uma conversa entre a presidente
Dilma e o ex-presidente Lula, um assessor direto da petista disse,
reservadamente, que o caso é grave e reclamou que o país está vivendo
“um Estado policial”.
Segundo ele, o STF (Supremo Tribunal
Federal) precisa assumir seu “papel moderador” no país ou então vai
estar incentivando que as pessoas façam “Justiça com as próprias mãos”,
“incitando um golpe” no Brasil.
A presidente Dilma está reunida no
Palácio do Alvorada na noite desta quarta (16), com seus principais
assessores e equipe jurídica, para decidir como o governo reagirá à
divulgação da gravação entre ela e o ex-presidente.
Lula reagiu com irritação ao saber da
divulgação do teor de sua conversa com Dilma. A publicação foi
classificada de gravíssima pelos colaboradores do ex-presidente.
O Instituto Lula ainda não se manifestou
oficialmente sobre conteúdo, nem da divulgação da conversa. Ao longo de
todo o dia, motoristas xingaram o ex-presidente ao passar pela porta do
instituto.
Na gravação, feita nesta quarta-feira
(16), Dilma diz a Lula que estava enviando para ele seu termo de posse
na Casa Civil para que o ex-presidente o usasse “em caso de
necessidade”.
O assessor direto da presidente falou
reservadamente alegando que o caso ainda precisa ser avaliado pela
equipe de Dilma para definir que medidas serão tomadas em relação ao
episódio.
Ele reclamou que o juiz Sergio Moro, que
tirou o sigilo de uma parte da Operação Lava Jato, e a PF tiveram um
“objetivo declarado” de tentar derrubar o governo e que isto precisa ser
“coibido” pelo Supremo.
A GRAVAÇÃO
A conversa foi gravada pela Polícia
Federal, no inquérito que apura a posse do sítio em Atibaia (SP). A
hipótese dos investigadores é que o sítio foi doado a Lula por empresas
que tinham contrato com a Petrobras, como a Odebrecht, OAS e José Carlos
Bumlai, este amigo do ex-presidente.
No diálogo, Dilma diz que encaminhará ao
ex-presidente o “termo de posse” de ministro e que o documento só seria
usado “em caso de necessidade”.
Os investigadores da Lava Jato
interpretaram o diálogo como uma tentativa de Dilma de evitar uma
eventual prisão de Lula. Se houvesse um mandado do juiz, de acordo com
essa interpretação, Lula mostraria o termo de posse como ministro e, em
tese ficaria livre da prisão.
O juiz Moro não pode mandar prender ministros porque eles detêm foro privilegiado.
Folha de São Paulo

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