Vice-presidente da República e presidente do PMDB, Michel Temer
abortou no início da noite desta terça-feira uma articulação para adiar o
encontro do diretório nacional que pode selar o rompimento do partido
com o governo Dilma Rousseff. A reunião está marcada para a próxima
terça-feira (29). Acionado por Lula, o presidente do Senado, Renan
Calheiros, deflagrou um movimento pelo adiamento do diretório para 12 de
abril. Temer decidiu que não haverá protelação.
O diretório nacional do PMDB foi convocado na semana passada, a
pedido de 14 diretórios estaduais do partido. Pelo estatuto da legenda,
bastava o apoio de nove Estados. Isso aconteceu depois que a convenção
nacional da legenda, reunida em Brasília no dia 12 de março, decidiu por
aclamação que o diretório analisaria a proposta de rompimento com o
governo “em até 30 dias”.
Nesta terça, após ouvir apelos de Lula pela permanência do PMDB no
bloco de apoio a Dilma, Renan saiu-se com a ideia do adiamento para 12
de abril, dia em que venceria o prazo de “até 30 dias” fixado pela
convenção. Ao farejar o cheiro de queimado, um grupo de cerca de três
dezenas de deputados foi a Temer para exigir que a data da reunião do
diretório fosse mantida. Temer respondeu que, não havendo a concordância
dos signatários da convocação, o encontro ocorrerá na próxima terça,
como previsto.
Além da conversa com Lula, da qual também participou José Sarney,
Renan esteve com Dilma. A tese do adiamento já havia seduzido os líderes
do PMDB no Senado e na Câmara, Eunício Oliveira e Leonardo Picciani,
respectivamente. Aderiram também à articulação os sete ministros que
representam o PMDB na Esplanada. Eles estiveram com Temer na tarde desta
terça, logo que o vice-presidente chegou de São Paulo.
No início da noite, Temer mandou avisar aos ministros que descartara a
hipótese de protelar a decisão sobre o rompimento. O aviso chegou
quando os ministros estavam reunidos no gabinete de um deles, Celso
Pansera, da Ciência e Tecnologia.
“Eles estão apavorados, sabem que a maioria do PMDB deseja o
rompimento. Por isso querem adiar a reunião do diretório, para ganhar
tempo”, disse o deputado baiano Lúcio Vieira Lima, um dos peemedebistas
que foram pedir a Temer que mantivesse a data de 29 de março. “Não
aceitamos adiamentos”, prosseguiu. “Alegam que o partido ficará
dividido. Ora, o adiamento não fará desaparecer a divisão. O que
interessa é o resultado. Não há mais espaço para recuos.”
Impedido de assumir o comando da Casa Civil da Presidência por uma
liminar expedida pelo ministro Gilmar Mendes, do STF, Lula move-se em
Brasília como articulador político informal do governo. Sua prioridade é
tentar impedir o desembarque do PMDB. O eventual rompimento é visto
como uma espécie de senha para a aprovação do pedido de impeachment que
corre na Câmara contra Dilma.
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