O juiz federal Sérgio Moro, da
Operação Lava Jato, autorizou prisão domiciliar por três meses –
monitorado com tornozeleira eletrônica -, para o pecuarista José Carlos
Bumlai, amigo do ex-presidente Lula. Diagnosticado com câncer na bexiga,
Bumlai, de 71 anos, está preso desde 24 de novembro de 2015, alvo da
Operação Passe Livre, desdobramento da Lava Jato.
A Polícia Federal e a
Procuradoria da República atribuem a Bumlai os crimes de lavagem de
dinheiro e gestão fraudulenta pelo empréstimo de R$ 12 milhões que tomou
em outubro de 2004 junto ao Banco Schahin. O dinheiro, segundo o
próprio pecuarista foi destinado ao PT. Em troca, o Grupo Schahin fechou
contrato sem licitação de US$ 1,6 bilhão para operar navio sonda da
Petrobras.
Ao comunicar o juiz Moro que Bumlai tem
câncer na bexiga, a defesa pediu revogação do decreto de prisão
preventiva do amigo de Lula. O juiz da Lava Jato considerou a ‘elevada
idade e o acometimento de doença grave’ para autorizar transferência do
pecuarista que, atualmente, aguarda julgamento no Complexo Médico de
Pinhais, nos arredores de Curitiba, base da Lava Jato.
“O tratamento envolveria ressecção do
tumor e a submissão à terapia intravesical através de BCG, com
aplicações semanais”, anotou o juiz. “A defesa argumenta que o acusado
tem elevada idade e que a manutenção dele em estabelecimento prisional
pode afetar a eficiência do tratamento. Juntou laudos médicos para
amparar o requerimento’, registrou Sérgio Moro.
O Ministério Público Federal
se manifestou pela autorização de intervenção cirúrgica e o tratamento,
‘mas que não há demonstração da incompatibilidade deles com a prisão
preventiva, sendo possível autorizar a internação hospitalar durante o
período do procedimento curativo’.
Para o juiz Moro, no entanto, ‘a
prudência recomenda, para evitar que o recolhimento ao cárcere
comprometa de qualquer forma o êxito dos cuidados médicos recomendados, a
concessão a ele de tratamento mais leniente, enquanto durar o
tratamento’.
“Não é o caso de revogação da
preventiva, mas é pertinente a concessão do benefício da prisão
domiciliar, com tornozeleira eletrônica, enquanto durar o tratamento e
até nova deliberação do Juízo”, decidiu Moro.
Estadão
Nenhum comentário:
Postar um comentário