Num pregão que refletiu as pressões das manifestações de domingo
contra o governo , mas especialmente a notícia, no meio da tarde, de que
a presidente Dilma Rousseff deve nomear o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva ministro, para livrá-lo da juiz Sérgio Moro, o Índice
Bovespa teve queda de 1,55%, para 48,867 pontos. O volume financeiro
negociado somou R$ 7,8 bilhões, acima da média diária de R$ 7,3 bilhões
em 2015.
Lula no governo
O principal indicador brasileiro foi puxado para baixo no fim do dia
pela notícia de que o ex-presidente deve aceitar a oferta de um
ministério feito por Dilma. Dessa forma, ele terá foro privilegiado e
será julgado Supremo Tribunal Federal (STF), não pelo juiz Moro. Ao
mesmo tempo, Lula poderá tentar salvar o que resta do governo de Dilma,
atuando como articulador político e, provavelmente, como
primeiro-ministro. O que isso significará em termos de mudança nas áreas
política e econômica é que preocupa o mercado, que derrubou as ações,
especialmente as da Petrobras. Os papéis ordinários (ON, com voto) e
preferenciais (PN, sem voto) da estatal caíram 6,64% e 10,26%,
respectivamente, com a desvalorização de quase 3% do petróleo no
exterior.
No período da tarde, o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner,
afirmou que o governo reconhece que as manifestações ocorridas nesse
domingo foram “vigorosas”, mas que também foram produzidas por
federações de empresas.
Hoje, a força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) que atua nas
investigações da Lava Jato informou que ajuizou no último sábado ação
de improbidade administrativa contra a empreiteira Odebrecht,
ex-executivos da empresa e ex-diretores da Petrobras. Na ação, o MPF
pede que todos os citados devolvam R$ 7,3 bilhões e fiquem proibidos de
contratar com a administração pública.
Ainda envolvendo a petroleira, um estudo analisou o impacto das três
primeiras medidas sobre a retomada dos investimentos em petróleo e gás
no país. Considerando uma taxa média de câmbio de R$ 4 por dólar, essas
medidas devem gerar investimentos de R$ 314,7 bilhões (US$ 78,7 bilhões)
nos próximos dez anos e estimular a extração de até 8 bilhões de
barris.
Vale ON perdeu 2,81%, como Vale PNA 5,12%, mesmo com os dados
de produção industrial na China subindo 5,4% nos dois primeiros meses
deste ano. O investimento em ativo fixo urbano cresceu 10,2% no mesmo
período, após alta de 10% nos mesmos meses do ano passado.
As instituições financeiras, com forte peso no Ibovespa, também
perderam. Itaú Unibanco PN teve queda de 1,14%, com Bradesco PN, 2,17%,
Banco do Brasil ON, 4,42%, e as units (recibos de ações) do Santander,
1,81%.
Usiminas cai 8% e Braskem ganha 6%
No primeiro dia útil após a decisão de seu Conselho de Administração
aceitar a proposta de aumento de capital de R$ 1 bilhão, Usiminas PNA
liderou as perdas do Ibovespa, com -8,42%, sem contar Petrobras. A
siderúrgica foi seguida por Rumo Logística ON, 8,15%, Cia Hering ON,
6,69%, e Qualicorp ON, 5,64%. Na análise do BTG Pactual, apesar de menor
do que o ideal, o recente aumento de capital aprovado pelo Conselho da
Usiminas deve ser bem recebido pelos investidores. Na contramão, as
maiores altas do indicador foram de Braskem PNA, 6,23%, Fibria ON,
6,19%, Suzano Papel PNA, 5,02%, e Oi ON, 4,72%.
Europa sobe e EUA têm trajetórias mistas; petróleo recua 3%
Os investidores europeus viram hoje a produção industrial do bloco em
janeiro melhorar 2,1%, ante dezembro do ano passado, e subir 2,8% na
comparação com o mesmo mês em 2015. Os resultados ajudaram a impulsionar
os índices de ações, que marcaram avanços. O Stoxx 50, dos 50 papéis
mais líquidos da região, ganhou 0,59%, seguido pelo DAX, de Frankfurt,
1,62%, pelo CAC, de Paris, 0,31%, e pelo Financial Times, de Londres,
0,57%.
Num dia fraco de indicadores econômicos, nos Estados Unidos, as
principais bolsas tiveram trajetórias distintas. O Dow Jones subiu
0,09%, com o indicador da Nasdaq, 0,04%, ao passo que o S&P 500
perdeu 0,13%. Entre as commodities, o petróleo WTI, de Nova York, recuou
2,96%, para US$ 37,36, como o Brent, de Londres, 1,83%, para US$ 39,65.
Juros sobem e dólar atinge R$ 3,65
As taxas de juros futuros fecharam o
dia em alta. Para 2017, as projeções subiram de 13,73% ao ano para
13,81%. Os acordos válidos até janeiro de 2018 registraram taxas de
13,63%, contra 13,56% na semana passada. Por fim, os juros para 2021
avançaram de 14,15% para 14,28%. O dólar comercial subiu 1,72%, para R$
3,65 na venda, enquanto o dólar turismo caiu 0,52%, sendo vendido a R$
3,77.
Ficando até em segundo plano, em meio ao noticiário político, as
estimativas do Boletim Focus mostraram uma queda na expectativa do
mercado para a inflação e para o dólar neste ano. Segundo as projeções, a
alta da inflação esperada agora é de 7,46%, contra 7,59% na semana
anterior. Já para 2017, a expectativa de inflação permanece em 6%, no
novo limite máximo estabelecido pelo governo. Os especialistas
consultados também reduziram suas expectativas para o dólar tanto em
2016 quanto em 2017, para R$ 4,25 e R$ 4,34, contra R$ 4,30 e R$ 4,40 no
último levantamento, acompanhando o recuo do mercado nas últimas duas
semanas.
No mesmo sentido, a baixa de 0,61% do Índice de Atividade Econômica
do Banco Central (IBC-Br) em janeiro também passou mais apagada. O
resultado ficou abaixo da projeção feita pelos consultores da MCM, de
crescimento de 0,5% em janeiro e queda de 6,8% no ano, e mostra que a
recessão caminha para ser mais profunda que o esperado.
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