
Sobre as manifestações, Moro disse que
as autoridades eleitas e partidos devem “igualmente se comprometer com o
combate à corrupção, reforçando nossas instituições e cortando, sem
exceção, na própria carne”.
Nas manifestações que aconteceram em
todo Brasil, o juiz recebeu amplo apoio, bem como as investigações
contra as autoridades envolvidas nos processos da Lava Jato.
“Fiquei tocado pelo apoio às
investigações da assim denominada Operação Lavajato. Apesar das
referências ao meu nome, tributo a bondade do Povo brasileiro ao êxito
até o momento de um trabalho institucional robusto que envolve a Polícia
Federal, o Ministério Público Federal e todas as instâncias do Poder
Judiciário”, afirmou Moro.
Leia a íntegra da nota:
“Neste dia 13, o Povo brasileiro foi
às ruas. Entre os diversos motivos, para protestar contra a corrupção
que se entranhou em parte de nossas instituições e do mercado. Fiquei
tocado pelo apoio às investigações da assim denominada Operação
Lavajato. Apesar das referências ao meu nome, tributo a bondade do Povo
brasileiro ao êxito até o momento de um trabalho institucional robusto
que envolve a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e todas as
instâncias do Poder Judiciário.
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Ameaças de morte evidentes
|
Importante que as autoridades
eleitas e os partidos ouçam a voz das ruas e igualmente se comprometam
com o combate à corrupção, reforçando nossas instituições e cortando,
sem exceção, na própria carne, pois atualmente trata-se de iniciativa
quase que exclusiva das instâncias de controle. Não há futuro com a
corrupção sistêmica que destrói nossa democracia, nosso bem estar
econômico e nossa dignidade como País.
– 13/03/2016, Sergio Fernando Moro”.
O juiz Sergio Moro sempre resistiu a
qualquer mudança de rotina. Apesar dos alertas para cuidar da própria
segurança, prosseguiu fazendo rigorosamente tudo o que fazia antes de
assumir os processos e enfrentar a corrupção. Moro ia trabalhar de
bicicleta. Frequentava restaurantes e shoppings de Curitiba e corria,
sozinho, pelas ruas da cidade. Com o passar do tempo, aceitou fazer
algumas concessões. Aposentou a bicicleta, passou a evitar programas
familiares em lugares públicos e trocou o cooper ao ar livre pela
esteira de uma academia. Mas nunca admitiu andar com escolta, embora
estivesse no centro de uma atividade naturalmente fadada a despertar
rancores. Por mais de uma vez, a Polícia Federal lhe ofereceu proteção.
Sempre que ouvia a sugestão, o magistrado repetia uma pergunta: “Há
alguma ameaça concreta?”. Não havia, mas aparentemente agora há. Desde o
início do mês, Moro está sob a proteção de uma equipe de agentes
altamente treinados.
Fazia tempo que o juiz era alvo de
ataques virtuais, a exemplo do que aconteceu com o ex-ministro Joaquim
Barbosa durante o julgamento do processo do mensalão. Mas nada que fosse
suficiente para fazê-lo mudar de conduta. O ponto de inflexão brotou
com a decisão de mandar a Polícia Federal conduzir o ex-presidente Lula
para depor sobre suas ligações com o petrolão, na sexta-feira 4. A ordem
de Moro, expedida como parte da 24ª fase da Operação Lava Jato, atiçou a
militância petista mais radical – em muitos casos, pode ser apenas
histeria, dada a facilidade de gritar nas redes sociais. Do ponto de
vista policial, contudo, impõem-se cautela e atenção. Ainda no dia da
condução coercitiva de Lula, à medida que o ex-presidente e outros
hierarcas do PT subiam o tom do discurso, mais agressivas se tornavam as
ameaças da tropa cibernética.
Pelo menos três desses ataques
resultaram em abertura de inquérito por um motivo muito simples:
incitaram, entre outras barbaridades, ao assassinato do juiz da Lava
Jato. “Chega de palhaçada de acreditar na democracia de direita. Matem o
Moro”, escreveu no Twitter um agressor já identificado. “Tenhamos
coragem. Matemos Moro e acabemos com esta festa”, emendou o militante.
“Todos de esquerda nas ruas já e com armas! É guerra civil”, postou
outro radical no Facebook. “Matar o Moro e todos os fascistas. É
guerra”, prosseguiu. Mensagens desse quilate puseram a polícia e Moro em
alerta. A “ameaça concreta” que o juiz paranaense dizia inexistir
despontou como uma possibilidade real. Prudência agora é o nome do jogo.
Desde aquela sexta-feira em que Lula depôs numa sala do Aeroporto de
Congonhas, em São Paulo, agentes da Polícia Federal se revezam num
esquema ostensivo ao redor de Moro. Em paralelo, policiais rastreiam a
origem das ameaças e de telefonemas que o magistrado tem recebido.
“Identificaremos todos eles”, disse a ‘Veja’ um investigador que
trabalha no caso.
Veja
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