PLAY DA NOSSA RÁDIO

sábado, 12 de março de 2016

Saída do PMDB do governo só será decidida em 30 dias

A aguardada decisão sobre o afastamento do PMDB do governo da presidente Dilma Rousseff, prevista para a convenção nacional do partido realizada neste sábado em Brasília, ficará para depois. Apesar das manifestações de diretórios estaduais a favor da ruptura, o tema só sera deliberado em um prazo de 30 dias. Isso porque o desembarque do governo não é um dos itens da pauta da convenção. Caso as moções fossem aprovadas, poderiam ser anuladas.
Crise, corrupção, falta de participação no governo e a pretensão de ter candidato próprio a presidente em 2018 foram algumas das razões apresentadas por vários diretórios estaduais do PMDB para pedir a saída da agremiação do governo federal. Gritos de “fora, Dilma” e “Temer presidente” foram ouvidos em vários momentos, tanto de políticos com cargos eletivos como dos militantes peemedebistas.
“Solicitamos a imediata saída do PMDB da base de sustentação do Governo Federal, com a entrega de todos os cargos em todas as esferas a Administração Pública Federal”, diz trecho da moção do PMDB baiano, um dos mais enfáticos a pedir o rompimento.
O PMDB do estado diz que “o Brasil sofre uma das mais graves crises econômica, moral e política de sua história”, fato “resultante, principalmente, de escolhas erradas nas ações do Governo Federal”. Destaca também que o vice-presidente, Michel Temer, é do partido, mas que o PMDB “nunca foi chamado para discutir soluções econômicas ou políticas para o país”. Diz ainda que a permanência do partido na base “fomentará uma maior divisão no partido” e que existe “o anseio do povo brasileiro por mudanças urgentes na economia e política nacional”.
Vários integrantes do PMDB são investigados na Operação Lava-Jato, que apura principalmente irregularidades na Petrobras. Mas o diretório baiano cita “as graves denúncias de participação de integrantes do Governo Federal em escândalos de corrupção” como argumento para o rompimento.
O diretório de Santa Catarina disse que o partido vem participando ativamente da história brasileira desde a luta contra a ditadura militar, mas que foi colocado de lado das questões centrais do país. “Uma coalizão pressupõe ouvir, participar e decidir em conjunto. E não tivemos espaço. Lincoln (presidente do Estados Unidos no século XIX) dizia que só tem direito de criticar aquele que pretende ajudar. A nós não coube nem uma nem outra. Quando criticávamos, a grande imprensa dizia que era a chantagem. Quando tentamos trazer um programa de recuperação e resgate da credibilidade nacional e internacional do governo, não fomos levados em consideração”, disse trecho da moção do diretório catarinense, afirmando ainda que o Brasil não pode ter retrocessos, como a volta da inflação e do desemprego.
CARTA PEDE AFASTAMENTO DO GOVERNO
Durante a convenção, foi distribuída a chamada “Carta de Brasília”, apoiada por deputados e diretórios estaduais. Segundo o deputado Darcisio Perondi, o grupo é composto pelos diretórios do Acre, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e São Paulo. O documento pede “independência e afastamento do governo já!” O mesmo grupo apresentou uma moção pedindo a saída do governo e a entrega dos cargos, “importando a desobediência a esta Decisão da Convenção Nacional em instauração de processo ético contra o filiado”.
“A mais grave das crises atinge a nação brasileira. Ela une a degradação rápida da nossa economia, o empobrecimento vertiginoso da nossa população, com a falência ética e moral nas relações políticas, e com a falta de comando e de credibilidade do Governo nacional. Voltam demônios há muito exorcizados, como inflação, desemprego, fechamento das indústrias, e um desarranjo nunca visto, das contas públicas. A máquina pública se agigantou, consumindo recursos que deveriam estar no atendimento direto das necessidades básicas da nossa gente, sem qualquer gesto do Governo para uma revisão. As investigações da corrupção chegam aos mais altos escalões da República. Na base de tudo está uma condução desastrada do país, sem rumo, e sem esperanças de economia nos últimos 50 anos”, diz trecho da “Carta de Brasília”.
Marcada para as 9h, a convenção começou poucos minutos depois, mesmo havendo poucas pessoas no auditório onde é realizada. Entre os presentes desde o início da convenção, está o ex-ministro Eliseu Padilha. Outros parlamentares e políticos importantes do PMDB foram aparecendo aos poucos, como os deputados Osmar Terra (RS) e Lúcio Vieira Lima (BA), os senadores Valdir Raupp (RO) e Romero Jucá (RR), além dos governadores Luiz Fernando Pezão (RJ) e Marcelo Mirana (TO). Temer deverá chegar entre 11h e 12h.
O Globo


Nenhum comentário:

Postar um comentário