No pedido de prisão preventiva do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os promotores do Ministério
Público de São Paulo usam como justificativa as manifestações do petista
após ser alvo da Operação Lava Jato na semana passada e até as
declarações da presidente Dilma Rousseff sobre o caso.
Para os promotores, o discurso de Lula
na sexta-feira (4) e o pronunciamento de Dilma o defendendo mostram que
haverá uma tentativa de “blindá-lo”, o que pode prejudicar a instrução
criminal. Diz ainda que, com seu poder de ex-presidente, a possibilidade
de fuga seria “extremamente simples”.
A peça, assinada na quarta (9), afirma
que os episódios de violência nos dias em que o petista tinha um
depoimento marcado no Fórum da Barra Funda, em São Paulo, e em que foi
levado pela Polícia Federal para depor mostram que ele vai movimentar
“toda a sua rede violenta de apoio” para evitar que o processo não siga
seu curso natural.
Sobre Dilma, os promotores afirmam que a
sociedade assistiu seu pronunciamento “surpresa” e que a iniciativa
mostrou o “poder político-partidário” de Lula e sua capacidade de “se
valer de pessoas que ocupam cargos”.
Um episódio enfatizado no pedido foi o
xingamento gravado acidentalmente por Lula pela deputada Jandira Feghali
(PC do B-RJ) após a condução coercitiva. Na ocasião, Lula disse ao
telefone: “que enfiem no c… todo o processo”.
“Do alto de sua condição de
ex-autoridade máxima do país, o denunciado Luiz Inácio Lula da Silva
jamais poderia inflamar a população a se voltar contra investigações
criminais a cargo do Ministério Público, da polícia, tampouco contra
decisões do poder Judiciário”, diz o texto.
A Promotoria lista ainda atitudes da
defesa de Lula ao longo da investigação, como o recurso ao Conselho
Nacional do Ministério Público contra o inquérito, e afirmam que um
deputado petista foi à corregedoria do órgão contra um dos promotores.
Em outro trecho, o pedido afirma que
Lula “emocionou o país” ao ser eleito para a Presidência, mas agora
deixaria “Marx e Hegel envergonhados”.
A peça é assinada pelos promotores Cassio Conserino, José Carlos Blat e Fernando Henrique de Moraes Araújo.
A defesa de Lula diz que não foi informada sobre o pedido de prisão.
Folha Press
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