A oposição síria anunciou neste domingo que chegou a Genebra para
encontrar uma solução para o conflito em seu país e que não tem a
intenção de se retirar, ao contrário ao que fez em fevereiro para
protestar contra os bombardeios russos.
As negociações de Genebra devem abordar pela primeira vez de forma
concreta o futuro do país, após uma primeira rodada organizada pela ONU,
que fracassou em fevereiro nesta mesma cidade suíça, devido à
intensificação dos ataques aéreos da Rússia, aliada de Damasco, e o
agravamento da situação humanitária.
"Vimos falar de uma solução política que ponha um fim ao sofrimento
do povo sírio e esperamos que a outra parte [o regime de Damasco] será
tão séria quanto nós", declarou à imprensa Salem al Meslet, porta-voz da
delegação do Alto Comitê de Negociações (ACN), que reúne os
grupos-chave da oposição.
"Não viemos com a intenção de nos retirar dos diálogos", afirmou, em
resposta a uma pergunta sobre a decisão de se retirar na rodada
anterior.
O enviado especial da ONU para Síria, Staffan de Mistura, anunciou
que a segunda rodada começará na segunda-feira e não se estenderia para
além de 24 de março.
"Esperamos que as negociações comecem amanhã com conversações sobre o
órgão de transição, que terá todos os poderes", disse Al Meslet. "Não
haverá nenhum papel neste órgão para quem combateu crimes, inclusive (o
presidente) Bashar al Assad", insistiu.
No sábado, o negociador-chefe da oposição, Mohamed Allouche, afirmou
que este período de transição deveria começar "com a queda ou a morte de
Bashar al Assad".
O plano de paz adotado pela ONU inclui um novo governo de transição e
uma nova Constituição em seis meses a partir da segunda-feira e a
celebração de eleições nos 12 meses seguintes.
Mas para o regime de Damasco, cujo negociador-chefe Bashar al
Jaafari, embaixador sírio na ONU, chegou na manhã deste domingo a
Genebra, está descartado falar de eleições presidenciais ou do destino
Assad, reeleito em 2014 por outros sete anos.
A segunda série de diálogos começa sob melhores auspícios após a
instauração de uma suspensão das hostilidades em 27 de fevereiro e a
chegada de ajuda às populações bloqueadas em zonas assediadas da Síria.
O mediador da ONU, que neste domingo devia fazer uma visita
protocolar às delegações, manterá na segunda-feira uma primeira reunião
com o representante de Damasco e terça-feira com a oposição.
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