Coordenador do Movimento dos
Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da Frente Povo sem Medo, que congrega
organizações ligadas aos movimentos sociais, Guilherme Boulos disse
nesta terça-feira (22), que se o processo de impeachment da presidente
Dilma Rousseff for efetivado e for decretada a prisão do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil será “incendiado por greves,
ocupações e mobilizações”. “Não haverá um dia de paz do Brasil”, disse.
“Podem querer derrubar o governo, podem
prender arbitrariamente o Lula ou quem quer que seja, podem querer
criminalizar os movimentos populares, mas achar que vão fazer isso e
depois vai reinar o silêncio e a paz de cemitério é uma ilusão de quem
não conhece a história de movimento popular neste País. Não será assim”,
disse.
“Há setores do mercado que acham que vão
tirar Dilma e vão fazer as “reformas estruturais” que se precisa para a
sociedade brasileira. O escambau. Este País vai ser incendiado por
greves, por ocupações, mobilizações, travamentos. Se forem até as
últimas consequências nisso não vai haver um dia de paz no Brasil”,
completou.
As declarações foram feitas durante
entrevista coletiva concedida por ele e outros coordenadores da Frente
Povo Sem Medo para anunciar atos marcados para a próxima quinta-feira,
24, em diversas cidades brasileiras “em defesa da democracia e de uma
saída pela esquerda”. A mobilização conta com apoio de artistas,
juristas, economistas e intelectuais.
Em São Paulo, os organizadores esperam
reunir 50 mil pessoas no Largo da Batata, na zona oeste da capital, a
partir das 17 horas. Os manifestantes marcharão cerca de seis
quilômetros até a sede da Rede Globo, na zona sul da cidade. No Rio de
Janeiro serão realizados dois atos, um pela manhã na Praia Vermelha e
outro, à tarde, na Cinelândia. Na capital federal a concentração será em
frente ao Brasília Shopping a partir das 16 horas. Estão confirmadas
manifestações também em Curitiba, Fortaleza, Recife e Uberlândia.
Segundo Boulos, as mobilizações têm
objetivo de marcar posição de entidades de esquerda, ligadas aos
movimentos populares, que são críticas ao governo federal mas a favor da
legalidade das ações das polícias, Ministério Público e Justiça.
“O espírito dessa mobilização é dizer
que estamos extremamente preocupados com esta ofensiva antidemocrática e
golpista no Brasil, mas que ao mesmo tempo não nos identificamos com a
política deste governo. Entendemos que as políticas assumidas pelo
governo Dilma são indefensáveis. Defender a democracia não significa
defender este governo”, disse.
Além dos questionamentos em relação ao
governo, o manifesto de convocação dos atos faz duras críticas à atuação
do juiz Sérgio Moro, que conduz as investigações em primeira instância
da operação Lava Jato – que tem como pano de fundo a condução coercitiva
e eminência da prisão de Lula – e da mídia.
“Não é de hoje que o Estado brasileiro é
seletivo. A adoção da Justiça de exceção é regra desde sempre nas
periferias urbanas, contra pobres e negros. Direito de defesa aqui nunca
existiu”, diz o texto. Segundo Boulos, a TV Globo foi escolhida como
alvo por ser é um símbolo da ação das “forças conservadoras e
golpistas”.
Estadão Conteúdo
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