Mesmo impedido de assumir um
posto no governo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi escalado
pela presidente Dilma Rousseff para exercer informalmente a partir
desta segunda-feira (21) a articulação política do Palácio do Planalto,
função típica do chefe da Casa Civil.
Com um prazo exíguo de pouco mais de uma
semana, o dirigente petista desembarcará em Brasília para capitanear
uma estratégia que impeça o rompimento do PMDB com o governo federal.
A cúpula nacional do partido marcou para
o dia 29 de março reunião para tomar uma decisão oficial sobre o
assunto. Com o agravamento da crise política, sobretudo com a divulgação
de gravações entre Lula e Dilma, o Palácio do Planalto reconhece que as
chances de desembarque do PMDB cresceram.
Para um auxiliar presidencial, não é
possível neste momento “perder tempo” esperando por uma decisão do STF
(Supremo Tribunal Federal) sobre a posse do petista, a qual deverá ficar
apenas para depois do feriado.
O momento, segundo o auxiliar, exige uma
“operação forte” e uma “ofensiva direcionada” para evitar que aumentem
consideravelmente as chances de abertura do processo de impeachment de
Dilma na Câmara dos Deputados.
A decisão de escalar Lula, segundo
auxiliares da presidente, tem como objetivo ainda reafirmar versão de
que o petista aceitou assumir a Casa Civil não para se proteger de uma
eventual prisão, mas para tentar recuperar as condições de
governabilidade de sua sucessora no Planalto.
OFENSIVA
Além da conversa com Dilma, o petista
pretende se reunir no início desta semana com o vice-presidente Michel
Temer, com quem falou por telefone na quinta (17), e com o presidente do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
A ofensiva, segundo assessores
presidenciais, pode incluir até uma conversa de Lula com o presidente da
Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), adversário de Dilma e responsável pelo
acolhimento do pedido de impeachment.
Em conversas reservadas, Temer avalia
que a entrada de Lula ajuda na articulação política, mas o vice tem
dúvidas se isso será suficiente para evitar um desembarque do PMDB,
sobretudo com o agravamento da crise política.
O peemedebista tem reclamado que a
presidente não o recebe mais e demonstrou irritação com a decisão do
Planalto de nomear para a Secretaria de Aviação Civil o deputado federal
Mauro Lopes (PMDB-MG), mesmo com decisão do partido de proibir filiados
de assumirem cargos no governo até decisão oficial sobre o desembarque.
CARGOS E EMENDAS
Em outra frente, o governo cogita
aumentar o espaço do PMDB em cargos de segundo e terceiro escalões e
agilizar a liberação de emendas parlamentares. Até 16 de março, por
exemplo, a maior parte das verbas foi direcionada para Saúde e Turismo,
pastas comandadas pelo partido.
Dilma também marcou novo encontro com os
seis ministros peemedebistas. Na reunião de coordenação política desta
segunda-feira, a petista fará apelo para que os ministros aumentem a
pressão sobre suas bancadas na Câmara e no Senado para evitar o
impeachment.
Folha Press
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